História do Computador


1. Os primórdios

A história da informática nos leva ao fim do século XIX. Naquela época, existiam alguns computadores rudimentares, mecânicos, que realizavam cálculos através de um sistema de engrenagens. O acionamento do sistema era feito por intermédio de manivelas ou outros elementos mecânicos, que foram utilizados até o início da década de 1970, quando as calculadoras eletrônicas tornaram-se populares.

Relé

Ainda no final do século XIX, surgiu o relé, um dispositivo eletromecânico formado por um magneto móvel que se deslocava provocando a união de dois ou mais contatos metálicos. As centrais telefônicas analógicas utilizaram estes dispositivos em grande quantidade, substituindo a comutação manual feita por telefonistas.

Os relés foram uma espécie de antecessores mecânicos das chamadas válvulas eletrônicas, cujo aparecimento permitiu, por exemplo, a construção dos primeiros aparelhos de rádio, televisores e amplificadores de som. Graças ao aperfeiçoamento das válvulas, no início da década de 1940, foi possível criar os primeiros computadores eletrônicos.

Válvula eletrônica
As válvulas, por não utilizarem componentes mecânicos, eram bem mais rápidas que os relés e podiam operar em freqüências maiores. No entanto, tinham limitações: aqueciam-se demais, consumiam muita energia elétrica e queimavam com muita facilidade. Construir um rádio ou um televisor utilizando válvulas requeria poucas unidades, tornando-os viáveis. Entretanto, para se construir um computador, seriam necessárias milhares delas, o que os tornavam extremamente caros e de alta complexidade de operação e manutenção.

Mesmo assim, os primeiros computadores começaram a surgir durante a década de 1940, com propósitos exclusivamente militares. Os principais usos eram a codificação e a decodificação de mensagens e cálculos de artilharia.


2. O ENIAC

O primeiro computador eletrônico foi o ENIAC, abreviação de Electronic Numerical Integrator Analyser And Computer, construído em 1945. Era composto por 17.468 válvulas, 1.500 relés e inúmeros outros componentes. Foi originalmente concebido para fazer cálculos de artilharia, mas sua primeira utilização foi no projeto da bomba H.

Seu projeto e construção foram financiados pelo Exército dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. O contrato de fabricação foi assinado em 5 de junho de 1943 e os trabalhos foram iniciados secretamente pela Universidade da Pennsylvania, no mês seguinte, sob o codinome “Projeto PX”.

Em 1946, foi anunciado pela imprensa como um “cérebro gigante”. Podia fazer cálculos matemáticos mil vezes mais rápidos que as máquinas eletromecânicas, marca jamais alcançada por qualquer outra máquina já construída para tal.

O ENIAC e dois de seus programadores

No total, ele pesava 30 toneladas e era tão volumoso que ocupava um enorme galpão. Além disso, consumia muita energia. Só para exemplificar, um PC típico atual, com um monitor LCD, consome cerca de 100 watts, enquanto o ENIAC consumia incríveis 200 kilowatts, duas mil vezes mais. Custou o equivalente a 468.000 dólares da época, que correspondem hoje a pouco mais de US$ 10 milhões, em valores corrigidos.

Apesar do tamanho, o poder de processamento do ENIAC é desprezível para os padrões atuais. Na época, processava apenas 5.000 adições, 357 multiplicações ou 38 divisões por segundo. Desde a década de 70, as simples calculadoras portáteis superaram em muito esta capacidade de processamento.

Havia também uma grande dificuldade para se fazer a programação do ENIAC. Utilizavam-se, em vez do teclado, 6.000 chaves manuais e cartões de cartolina perfurados, que armazenavam poucas operações cada um. Enquanto uma equipe preparava os cartões, outra ia trocando-os no leitor e uma terceira fazia a conversão dos resultados, no padrão decimal.

Outro inconveniente era que, a cada 5 minutos, em média, alguma das válvulas se queimava, tornando necessárias manutenções freqüentes.


3. O Transistor

Nas décadas de 1940 e 1950, a grande maioria da indústria eletrônica continuou trabalho no aperfeiçoamento das válvulas, com a finalidade de se obter modelos menores, mais econômicos e confiáveis. Entretanto, alguns pesquisadores começaram a procurar por alternativas menos problemáticas.

As pesquisas tinham como objetivo o estudo de novos materiais, tanto condutores de eletricidade quanto isolantes. Os pesquisadores começaram a descobrir que alguns materiais não se enquadravam em nenhum daqueles grupos, formando um grupo intermediário que foi logo denominado grupo dos semicondutores.

Transistores
Desde então, estava descoberto o segredo para se desenvolver o transistor, cujo primeiro protótipo surgiu em 16 de dezembro de 1947. Consistia em um pequeno bloco de germânio e três filamentos de ouro. Um filamento era o pólo positivo, o outro o pólo negativo e o terceiro tinha a função de controle.

O seu funcionamento pode assim ser resumido: tendo apenas uma carga elétrica aplicada ao pólo negativo, nada acontecia; o germânio atuava com um isolante, bloqueando a passagem da corrente elétrica. Porém, quando uma certa tensão elétrica era aplicada usando o filamento de controle, um fenômeno físico fazia com que a carga elétrica passasse a fluir do pólo positivo para o pólo negativo.

Estava criado um dispositivo que substituía a válvula, que não possuía partes móveis, gastava uma fração de eletricidade e, ao mesmo tempo, era muito mais rápido e durável.

Circuito integrado
O grande salto veio mais tarde, quando se descobriu que era possível construir vários transistores, integrando-os sobre a mesma pastilha de silício. Esta técnica permitiu a diminuição significativa do custo e tamanho dos computadores, iniciando a era do circuitos integrados e dos microprocessadores.

A figura ao lado mostra o microprocessador 4004 lançado pela Intel em 1971. Ele era composto por pouco mais de 2000 transistores e operava a apenas 740 kHz.

  
4. O primeiro computador pessoal

O microprocessador 4004 era tão lento que demorava 10 ciclos para processar cada instrução, ou seja, ele processava apenas 74 mil instruções por segundo. Mesmo assim, ele era cerca de 15 vezes mais rápido que o ENIAC! Hoje em dia, esses números parecem piada, mas na época era a última palavra em tecnologia. O 4004 permitiu o desenvolvimento das primeiras calculadoras eletrônicas portáteis.

Pouco tempo depois, a Intel lançou um novo processador, que fez sucesso durante muitos anos, o 8080. Ele já era um processador de 8 bits e operava a incríveis 2 MHz: "Ele é capaz de endereçar até 64 KB de memória e é rápido, muito rápido!" como dito num anúncio publicitário do Altair 8800 que, lançado em 1974, é considerado por muitos o primeiro computador pessoal da história.

O Altair, primeiro computador pessoal

Em sua versão básica, o Altair não tinha muita utilidade prática, a não ser a de servir como fonte de aprendizado em eletrônica e programação. Só para se ter uma ideia, não havia teclado. Um conjunto de chaves servia para programar o aparelho. Em vez do monitor de vídeo, os resultados eram mostrados por luzes.

Pouco tempo depois, foram lançados alguns avanços para o Altair, tais como um teclado, um terminal de vídeo, um dispositivo para ler e gravar disquetes, uma expansão de memória e até mesmo uma impressora. O próprio Bill Gates, antes da fundação da Microsoft, participou do desenvolvendo de uma versão do programa Basic para o Altair.

O Altair serviu para demonstrar a grande paixão que a informática podia exercer e que, ao contrário do que diziam muitos analistas da época, existia sim um grande mercado para computadores pessoais.


5. O Apple I

A Apple foi fundada em 1976, pelos sócios Steve Jobs e Steve Wozniak, após verem recusado pela HP e Atari o seu projeto do Apple I, desenvolvido nas horas vagas.

O Apple I não foi um grande sucesso de vendas. Um pouco mais de 200 unidades, custando 666 dólares cada uma, foram vendidas naquela época. Mesmo assim, a Apple conseguiu lucrar durante o primeiro ano e, assim, abriu caminho para o lançamento de versões mais poderosas. Hoje, versões em bom estado do Apple I estão avaliadas em aproximadamente US$50.000.

O Apple I, de 1976

Este modelo era vendido já montado, com a placa dentro de uma caixa de papelão, sem qualquer tipo de gabinete. Por isso, era comum que os modelos Apple I fossem instalados posteriormente dentro de caixas de madeira feitas artesanalmente.

Uma das suas vantagens era que podia ser ligado diretamente a uma TV, dispensando a compra de um terminal de vídeo. Também possuía um conector para unidade de fita cassette (isto mesmo, aquelas fitas que usávamos para gravar músicas) e um conector proprietário reservado para futuras expansões.

Fita cassette
Naquela época, as fitas cassette eram bastante utilizadas para armazenar dados e programas, pois os disquetes eram ainda muito caros. Os grandes problemas das fitas cassette eram a lentidão e a baixa confiabilidade. No Apple I, os programas eram lidos a cerca de 1500 bits por segundo e em outros computadores o acesso era ainda mais lento, cerca de 250 a 300 bits por segundo. Conforme a fita se desgastava, era necessário tentar várias vezes, antes de se conseguir uma leitura sem erros.


6. O Apple II

O Apple I foi aperfeiçoado e substituído pelo Apple II, lançado no ano seguinte, em 1977. Fez muito sucesso, apesar do preço considerado alto na época, US$1298, aproximadamente US$10.000 em valores corrigidos.

O Apple II, de 1977

Possuía apenas 4 kB de memória, mas incluía memória ROM adicional para armazenar um interpretador BASIC e um programa para inicializar o computador. Bastava apenas ligar para poder programar ou utilizar programas. No Apple I, era necessário, antes de tudo, carregar a fita com o interpretador BASIC para depois começar a fazer qualquer coisa.

Com o Apple II, era possível carregar jogos e também utilizar alguns programas desenvolvidos para o Apple II, entre os quais, destacou-se o Visual Calc, um ancestral dos programas de planilhas  atuais.

Visual Calc, programa da década de 70, antecessor
 dos programas de planilhas atuais


7. A década de 1980

Os processadores vêm, em média, dobrando sua capacidade de processamento a cada 18 meses desde o início da década de 70. Uma década é uma verdadeira eternidade dentro do mercado de informática, o suficiente para revoluções acontecerem e serem esquecidas.

Depois dos dinossauros da primeira metade da década de 70, os computadores pessoais finalmente começaram a atingir um nível de desenvolvimento suficiente para permitir o uso de aplicativos sérios. Surgiram então os primeiros aplicativos de processamento de texto, planilhas, e até mesmo programas de editoração e desenho.

Após os lançamentos dos Apple I e Apple II, ZX80, Ataris e outros computadores de 8 bits, chegamos finalmente à era dos chamados PC’s

A IBM de 1980 era uma gigantesca empresa, especializada em computadores de grande porte. Entretanto, percebendo a crescente demanda por computadores pessoais, a empresa decidiu criar um pequeno grupo (que originalmente possuía apenas 12 desenvolvedores) para desenvolver um computador pessoal de baixo custo.

O PC era considerado um projeto menor dentro da IBM, apenas uma experiência para testar a demanda do mercado. O projeto chegou a ser marginalizado dentro da empresa, pois muitos executivos acreditavam que o IBM PC poderia concorrer com outros produtos da própria IBM.

Depois de quase um ano de desenvolvimento, o primeiro PC foi lançado em 12 de agosto de 1981.

Primeiro PC original, produzido pela IBM

Para cortar custos e acelerar o desenvolvimento, a equipe decidiu que usaria apenas componentes padronizados, que pudessem ser encontrados facilmente no mercado. O processador escolhido foi o Intel 8088, uma versão econômica do processador 8086, que havia sido lançado pela Intel em 1978. Quando a IBM estava desenvolvendo seu computador pessoal, chegou a ser cogitado o uso do 8086, mas acabou sendo escolhido o 8088 devido ao seu baixo custo.


8. Configuração básica do IBM PC original

O PC original produzido em 1981 tinha, em sua versão mais simples, apenas 16 KB de memória RAM (125.000 vezes menos que os PC’s de hoje), com direito apenas ao gabinete e teclado. A partir daí, tudo era opcional, incluindo o monitor (você podia usar uma TV, embora a qualidade da imagem ficasse ruim), as unidades de disquete e o disco rígido (HD). Também estava disponível um conector para um gravador de fitas cassette (localizado ao lado do conector para o teclado), mas ele nunca foi muito usado e desapareceu a partir dos próximos lançamentos.

Na configuração básica, o PC custava "apenas" 1.564 dólares da época. Incluindo mais 48 KB de memória, duas unidades de disquete e um monitor monocromático de 12 polegadas, o preço chegava facilmente a 2.500 dólares, que equivalem a mais de 7.000 dólares em valores atuais.


Disco rígido Seagate ST-225,
 de 20 MB, produzido em 1984
Na época, os HDs ainda eram um componente caro e exótico. Em 1981, um Seagate ST-506 (o modelo mais popular até então) custava mais de 1.000 dólares e tinha apenas 5 MB de capacidade, 100.000 vezes menos que os de 500 Giga Bytes atuais.

Ao usar um PC sem HD, o sistema operacional e todos os programas eram carregados a partir de disquetes de 5¼. Inicialmente, eram usados disquetes de 180 KB, mas eles foram logo substituídos por disquetes de 360 KB (onde eram usadas as duas faces do disco) e, alguns anos mais tarde, por disquetes de "alta densidade", com 1.2 MB. Os disquetes de de 3.5", com 1.44 MB, passaram a ser usados nos PCs apenas em 1987, com o lançamento do IBM PS/2. Existiu ainda um padrão de disquetes de 2.8 MB, lançado nos anos 90, mas não vingou.


Disquete de 5 1/4

9. Funcionamento e evolução do IBM PC

O PC era monotarefa, de forma que para carregar outro programa, era necessário encerrar o primeiro e trocar o disquete dentro do drive. O segundo drive de disquetes era um item extremamente popular (e necessário), pois os disquetes de 5¼ eram extremamente frágeis, degradavam-se com o tempo e requeriam frequentes cópias.

O sistema operacional usado no PC original era o MS-DOS 1.0 (na época ainda chamado de PC-DOS), que foi desenvolvido às pressas pela Microsoft com base num sistema operacional mais simples, chamado QDOS. Foi comprado da Seattle Computers, uma pequena empresa desenvolvedora de sistemas. A Microsoft foi a segunda opção da IBM, depois de ter sua proposta de licença recusada pela Digital Research, que desenvolvia versões do seu CP/M para várias arquiteturas diferentes.

Na época, a IBM acreditava que ganharia dinheiro vendendo as máquinas e não vendendo sistemas operacionais e softwares, o que era considerado um negócio menor, dado de bandeja para a Microsoft.

Com o passar do tempo, os executivos da IBM se arrependeram amargamente da decisão, pois a concorrência entre os diversos fabricantes derrubou os preços e as margens de lucro dos PCs, enquanto a Microsoft conseguiu atingir um quase monopólio do sistema operacional para eles e, sem concorrentes de peso, passou a trabalhar com margens de lucro cada vez maiores.

Hoje em dia, a IBM sequer fabrica PCs. Mesmo os famosos notebooks IBM Thinkpad são agora fabricados e vendidos pela Lenovo, uma empresa Chinesa que comprou os direitos sobre a marca em 2000.

PC XT, modelo 5160

Voltando à história, em 1983, dois anos depois do lançamento do primeiro IBM PC, foi lançado o PC XT,  que apesar de continuar usando o 8088 de 4.77 MHz, vinha bem mais incrementado, com 256 KB de RAM, disco rígido de 10 MB, monitor CGA e o MS-DOS 2.0.  Tornou-se um computador bastante popular e chegou a ser fabricado no Brasil, durante a reserva de mercado. Enquanto os americanos já usavam muitos 386, os clones tupiniquins do XT eram a última palavra em tecnologia aqui no Brasil.


10. O PC AT 286

Depois do XT, o próximo lançamento foi o PC AT (lançado em 1984), já baseado no Intel 286. Na verdade, o processador 286 foi lançado em fevereiro de 1982, apenas 6 meses após a IBM ter lançado o seu primeiro PC, porém demorou até que a IBM conseguisse desenvolver um computador baseado nele, pois foi preciso desenvolver toda uma nova arquitetura. Da placa de vídeo ao gabinete, praticamente tudo foi mudado, o que somado à burocracia e a longos períodos de testes antes do lançamento, levou mais de 2 anos.

PC AT 286
O PC AT vinha com um processador 286 de 6 MHz (depois surgiram versões mais rápidas, de 8, 12 e até 16 MHz), HD de 10 MB, monitor EGA (640x350, com 64 cores) e já usava disquetes de 5¼ de 1.2 MB. Como a memória RAM ainda era um item muito caro, existiam versões com 256 KB a 2 MB de RAM. Embora fosse extremamente raro usar mais de 2 MB, existia a possibilidade de instalar até 16 MB.

O processador 286 trouxe vários avanços sobre o 8088. Ele utilizava palavras binárias de 16 bits, tanto interna quanto externamente, o que permitia o uso de periféricos de 16 bits, muito mais avançados do que os usados no PC original e no XT. O custo dos periféricos desta vez não chegou a ser um grande obstáculo, pois enquanto o PC AT estava sendo desenvolvido, eles já podiam ser encontrados com preços mais acessíveis.

Devido às várias mudanças na arquitetura, destacando o acesso mais rápido à memória e as alterações no conjunto de instruções do processador, que permitiam realizar muitas operações de maneira mais rápida e eficiente, um 286 conseguia ser quase 4 vezes mais rápido que um 8088 que utilizava a mesma frequência de processamento.


11. O PC AT 386

Em outubro de 1985 a Intel lançou o 386, que marcou o início dos tempos modernos. Ele trouxe vários recursos novos. Para começar, o 386 trabalhava tanto interna quanto externamente com sistema de 32 bits, permitindo uma transferência de dados duas vezes maior. Era, então, possível acessar até 4 GB de memória (2 elevado a 32ª potência).

Embora o processador tenha sido lançado em 1985, a IBM só foi capaz de lançar um PC baseado nele em 1987, dando tempo para a Compaq sair na frente. Este foi um verdadeiro marco, pois, de repente, as companhias perceberam que não eram mais obrigadas a seguir a IBM. Qualquer um que tivesse tecnologia suficiente poderia sair na frente, como fez a Compaq. A partir daí, a IBM começou a gradualmente perder a liderança do mercado, tornando-se apenas mais um entre inúmeros fabricantes de PCs.

Placa principal para processador 386

O primeiro 386 operava a apenas 16 MHz. Quando foi lançada a versão de 20 MHz, os projetistas perceberam que o processador havia se tornado rápido demais para as memórias RAM existentes na época. Por isso, a cada acesso, o processador tinha que ficar "esperando" os dados serem liberados pela memória RAM para poder concluir suas tarefas, perdendo muito em desempenho. Para solucionar esse problema, passaram a ser usadas pequenas quantidades de memória cache (auxiliares)  na grande maioria das placas-mãe para micros 386 e superiores.


12. O Processador 486

Com o final da reserva de mercado, em 1992, a importação de computadores voltou a ser permitida no Brasil, sem maiores restrições. Rapidamente, os computadores de 8 bits e os XT's de fabricação nacional foram substituídos por micros 386 e 486, e muita gente teve a chance de comprar o primeiro micro. Isto coincidiu justamente com o início da era 486, fazendo com que eles fossem vendidos em enorme quantidade aqui no Brasil.

Assim como outros processadores da época, o 486 era vendido encapsulado dentro de uma pastilha de cerâmica, que ao mesmo tempo protegia o processador e facilitava a dissipação do calor. Os contatos ficavam nas beiradas internas do processador e eram ligados aos pinos externos através de filamentos de ouro. Atualmente, são utilizados compostos plásticos resistentes em vez de cerâmica, e os contatos do processador são feitos através de minúsculos pontos de solda disponíveis na parte inferior do próprio wafer de silício.

Visão interna do processador Intel 486

Esta foto de divulgação da Intel mostra um processador 486 aberto. Veja que é possível distinguir os componentes do processador dentro da pastilha de silício:

O 486 possuía 1,2 milhões de transistores e era fabricado utilizando-se técnica de 1 micron. Isto significa que cada transístor media um milionésimo de centímetro. Como tínhamos 1.2 milhões deles, o bloco semicondutor do processador tinha cerca de 120 milímetros quadrados. Para efeito de comparação, o 386 tinha apenas 275.000 transistores, quase 5 vezes menos.


13. Do Pentium ao Itanium

Intel Pentium, de 1993
O Pentium é a quinta geração da arquitetura x86 de microprocessadores desenvolvida pela Intel. Foi lançado em 22 de Março de 1993, tornando-se o sucessor da linha 486. Originalmente, ele seria denominado 80586 ou i586, mas a Intel alterou o nome para Pentium, com o objetivo de patentear o nome dos novos modelos, uma vez que números não seriam aceitos como marca exclusiva. É bom lembrar que a Intel concorria com AMD e Cyrix, que produziam processadores similares e utilizavam números muito parecidos para identificar seus produtos.

Os primeiros modelos Pentium foram considerados problemáticos devido a problemas de aquecimento. Surgiram gradualmente versões com velocidades de processamento cada vez maiores.  A velocidade de processamento é medida em milhões de ciclos por segundo ou Mega Hertz (MHz). Para se ter uma idéia da evolução do Pentium, o primeiro modelo mostrado na imagem ao lado operava a 60 MHz.  O Pentium D produzido nos dias de hoje possui velocidade superior a 3600 MHz, pelo menos 60 vezes mais rápido que o modelo de 1993.

Principais modelos de processadores Pentium:


Modelo
Ano de Lançamento

Pentium

1993
Pentium Pro
1995
Pentium II
Celeron (Pentium II)
Pentium II Xeon
1997
1998
1998
Pentium III
Celeron (Pentium III)
1999
2000
Pentium IV
2000
Pentium IV-M
Pentium IV EE
Pentium IV E
Pentium IV F
Xeon
2002
 2003 
2004
2004
2004
Pentium D
Intel Core 2
2005
2006
Pentium Dual-Core
2007


O microprocessador com a marca Pentium ainda é utilizado em notebooks e computadores de mesa, os chamados desktops. O Celeron, uma versão mais simples do Pentium, é utilizado em computadores de baixo custo. O Xeon, é utilizado em computadores de alto desempenho, como os servidores empresariais. Finalmente, o processador com a marca Itanium, lançamento mais recente da Intel, foi concebido para utilização em computadores de altíssimo desempenho, destinados a sistemas de missão crítica.


14. A História continua...

No começo da história do computador, tínhamos máquinas extremamente grandes, muito caras, consumiam muita energia elétrica, tinham problemas frequentes e eram acessíveis somente a grandes corporações. Com o passar dos anos, o avanço da tecnologia de fabricação dos componentes, principalmente do processador, possibilitou o aumento da capacidade de processamento, a diminuição do tamanho e a queda drástica no preço de aquisição. O computador pessoal é uma realidade que cabe na palma da mão e pode ser transportado no bolso.

Hoje, podemos fazer inúmeras atividades utilizando o computador, sentados confortavelmente em nossa casa ou escritório: ler livros, jornais e revistas, escrever, assistir filmes, ouvir músicas, telefonar, ver fotografias, jogar, pesquisar sobre qualquer assunto, acessar a conta bancária e fazer pagamentos, controlar as finanças e muito mais.

Haverá um limite para esta evolução? O que podemos esperar em relação aos itens mais comuns que acompanham o computador pessoal, como o teclado o mouse e a tela? Que produtos e serviços estão sendo lançados neste momento, que cedo ou tarde produzirão uma mudança nas tendências da informática e dos sistemas de computação?

Microsoft Surface
A título de exemplo prático, podemos citar o Microsoft Surface, uma plataforma de computação inovadora que trouxe diferentes formas de se usar a tela e eliminou definitivamente o teclado e o mouse. Esta máquina responde a toques, gestos humanos e capta a forma de objetos reais colocados sobre a tela. Esta, por sua vez, é ampla, permite visualização em 360 graus e pode ser utilizada individualmente ou por várias pessoas ao mesmo tempo em atividades que requeiram colaboração e interação. Este computador é direcionado principalmente a empresas de varejo, hotelaria, escolas, hospitais e instituições do setor público, mas pode ter uma utilização muito mais ampla, em praticamente todas as áreas de atividade humana.

Demonstração do uso do Microsoft Surface pode ser assistida no endereço:




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